domingo, 7 de abril de 2019


Editora Kalinka

Entrevista com Daniela Mountian - Parte II



El Lissitzky, Segunda página da “História suprematista de dois quadrados em seis construções”


Na segunda e última parte da entrevista, Daniela Mountian, fundadora da Editora Kalinka e pós-doutoranda em teoria literária e literatura comparada – FAPESP/USP, fala sobre publicação de poesia russa no Brasil, a crise do mercado varejista de livros no país, a revisão da literatura produzida na União Soviética, o hábito da leitura entre os russos, a receptividade da literatura brasileira na Rússia, os projetos da Kalinka e, por fim, comenta a importância da Professora Aurora Fornoni Bernardini na divulgação da literatura e cultura russas entre nós e a homenagem feita pela Editora a essa intelectual.


Búfalo Celeste – Tratamos da importante parceria de Boris Schnaiderman com os Irmãos Campos e vem a propósito a questão da poesia. Apesar de todos os aspectos positivos da presença da literatura russa no Brasil, há uma desproporção entre o interesse entre nós pela prosa de ficção russa e a publicação de poesia russa.
Daniela – Para alguns, a grande arte russa é a arte poética.
Búfalo Celeste – Púchkin, por exemplo, é uma personalidade histórica com um peso na cultura russa sem equivalente aqui no Brasil.
Daniela – É curiosa a imagem do Púchkin. Ter um poeta como herói nacional fala muito dessa nação, dessa cultura.
Búfalo Celeste – A celebração a Púchkin, no dia do seu aniversário, acontece ainda hoje na Rússia?
Daniela – Púchkin é ainda uma figura incontestável, até hoje. Ela foi um pouco trabalhada, de fato, essa figura. Dovlátov falou disso no livro Parque Cultural [Kalinka, 2016], falou como na época soviética foi feita uma apropriação do mito de Púchkin; ele foi usado de forma que servisse, que se amoldasse melhor ao que a União Soviética esperava de um herói nacional. Mas, seja como for, antes ele já era conhecido e continua conhecido agora. As crianças continuam estudando Púchkin na escola, elas continuam sabendo de cor os seus poemas; em cada cidade russa há um busto de Púchkin, uma rua com seu nome... Assim, desse ponto de vista, a Rússia soube manter sua cultura viva. Claro, pode-se falar que muita coisa é turística, mas você respira aquilo, a literatura, e quem quiser vai se aprofundar.
Búfalo Celeste – Não há, assim, uma desproporção desse conhecimento dos poetas russos, tendo em vista o peso que a poesia tem na cultura russa? Ocorreu um fenômeno interessante com essa poeta polonesa, que ganhou o prêmio Nobel, a Szymborska; acho que já estamos na quarta publicação dela, aqui no Brasil, o que superou muitas expectativas. Será que o caso dela e também outros fenômenos que estão acontecendo com a poesia não indicam um momento de virada poética?
Daniela – Difícil dizer. Espero que sim
Búfalo Celeste – E a Kalinka tem planos neste sentido?
Daniela – Eu já publiquei poesia russa. Já publiquei uma pequena antologia [Poesia russa: seleta bilingue. Trad. do russo Aurora Fornoni Bernardini; organização e notas biográficas Daniela Mountian; criação gráfica Fabíola Notari, Kalinka, 2016].
Búfalo Celeste – Que é um trabalho artesanal belíssimo
Daniela – A gente já trabalhou com o Kupriyánov [Viatchesláv Kupriyánov. Luminiscência: antologia poética. Kalinka, 206], que é um poeta contemporâneo, traduzido pela Aurora. Sim, eu quero, o problema é que é difícil, é um campo mais restrito, e não é fácil achar tradutor poético. Não é como traduzir prosa.
Búfalo Celeste – Há menos tradutores de poesia?
Daniela – Sim, toma mais tempo. Mas, claro, quero publicar mais poesia russa, acho importante.
Búfalo Celeste – Há, inclusive, o caso de um prêmio Nobel, do qual nós não temos nada aqui, o Joseph Bródsky.
Daniela – Sim, o Brodsky. A gente não tem quase nada do Pasternak, que também escreveu muita poesia, quase nada da Akhmátova, quase nada de nada. Na verdade, no campo de poesia, está deserto. O que eu posso dizer é que, sim, a gente vai enveredar de novo por essa seara, que é um processo mais lento, não vai ser na mesma quantidade da prosa, mas vamos continuar. Tem que ser, a poesia russa tem que aparecer. 


"Na Rússia, o simbolismo foi um grande movimento e foi central para tudo o que aconteceu depois, para todas as vanguardas."


 
Búfalo Celeste – São nomes importantíssimos os que você citou.
Daniela – Sim, muito importantes e relativamente pouco conhecidos aqui, e são descobertas que vão ser ótimas para quem gosta de poesia, para quem gosta de cultura russa. É o caso do simbolismo russo, que foi um momento muito importante na Rússia. Houve vários simbolismos. No Brasil, houve mais uma tendência, uma corrente. Na Rússia, foi um grande movimento e foi central para tudo o que aconteceu depois, para todas as vanguardas. Houve uma profusão de poetas, de escritores. Tem muita coisa para publicar. A gente vai ter que ir devagar, no ritmo da Kalinka e do nosso mercado editorial. Agora que a gente está com um pouco de estrutura, pelo menos podemos fazer planos. Antes era muito difícil. A gente tem que cumprir também os projetos já iniciados, como os livros do Dovlátov, de quem já é o terceiro que publicamos. Vamos chegar lá, fazer novos projetos de poesia. Talvez dentro da nossa coleção Mir, que é bilíngue.
Búfalo Celeste – Essa crise das livrarias não foi uma crise do livro, foi uma crise do mercado varejista, mas vocês estão à margem disso, não é?
Daniela – É, digamos que eu nunca vendi horrores, mas, para nós, a Livraria Cultura é um cliente importante. A loja da avenida Paulista vende muito livro russo. E a Livraria Cultura é um símbolo da cidade. Mas a Livraria Cultura está assim faz tempo, vamos ver o que eles vão fazer, e o importante é que agora o mercado editorial vai ter que se definir de outra maneira. O Jorge, dono da Hedra, já vem pensando há muito tempo em outras formas de circulação do livro. Antes, não tinha muita coisa a fazer. Você publicava o livro, tentava mandar para o jornal, a Cultura pegava alguns em consignação, a Livraria Saraiva... Agora mudou muito. O editor tem contato direto com o leitor, e não tinha antes, e há a venda pelo próprio site. Então as coisas mudaram e temos que mudar. Se não mudar, vai morrer.
Búfalo Celeste – De certa forma foi uma sacudida no mercado.
Daniela – A Cultura já vem dando sinais de cansaço há algum tempo. Do jeito que foi, foi assustador. É obvio que, toda vez que eu abria um jornal, ficava deprimida, pensava que esse processo não ia terminar nunca, porque ela tem livros da Hedra, tem livros nossos, tem livros de todas as editoras. Mas é isso, é repensar um processo de mudança que já havia começado. E, realmente, não é uma crise do leitor, é uma crise do setor comercial. É que aqui o mercado editorial é muito pequeno e muito amador, se for pensar bem. Se a gente considerar que metade do mercado estava nas mãos de duas livrarias... Isso mostra um pouco o que é o nosso mundo editorial. O bom é que pode crescer.
Búfalo Celeste – Os dados de 2018 mostram que houve crescimento, pequeno, mas houve.
Daniela – Mas tem que ver direito: teve crescimento em qual área? Isso eu não cheguei a olhar. Para a Kalinka, teve a consolidação da parceria com a Hedra, então, nesse sentido, a gente publicou mais. A gente está no início de um processo, que espero que se consolide, que enraíze e que nos dê chance de publicar por muitos anos.


                            El Lissitzky, Páginas de “Dria golosa”, poemas de Maiakóvski


Búfalo Celeste – A literatura russa do século passado tem uma particularidade muito grande, que foi a repressão, a censura que aconteceu, e está havendo uma recepção tardia daquela literatura. É uma situação muito particular de obras e autores que ressurgiram de todo aquele processo político que aconteceu na União Soviética. Gostaria que você falasse rapidamente, eu sei que é um assunto complexo: essa pesquisa está acontecendo ainda?
Daniela - O que aconteceu, essa redescoberta, foi algo formidável e impensável. O período de repressão foi uma tragédia, uma série de autores e nomes desapareceu por décadas, toda a obra do Kharms, por exemplo. Ou seja, autores com uma obra de relevo, com uma linguagem não raramente muito radical.
Búfalo Celeste – E os órgãos de inteligência ou de censura preservavam as obras?
Daniela – Cada caso é um caso. Alguns autores não eram conhecidos simplesmente e alguns autores eram conhecidos parcialmente e deixaram de ser. Com o fim da União Soviética, começam a surgir nomes e obras inteiras dos anos 1920, 1930..., algumas delas impressionantes. Imagine a situação de descobrirem um novo “Mário de Andrade” aqui e agora, porque não são autores quaisquer. Como estes autores se conservaram? Cada caso foi um caso. Por exemplo, o Kharms foi por milagre. Ele hoje é considerado um dos precursores da literatura do absurdo. A gente publicou [Daniil Kharms. Os sonhos teus vão acabar contigo: prosa, poesia, teatro. Trad. Aurora Fornoni Bernardini, Daniela Mountian, Moissei Mountian; Kalinka, 2013]. O trabalho de Kharms só sobreviveu ao tempo porque um amigo dele guardou uma mala com seus escritos quando o escritor foi preso pela segunda vez. A mulher dele juntou todos os papéis nessa mala. Nada da literatura adulta de Kharms havia sido publicada em sua vida e esse amigo, o Drúskin, um filósofo, guardou esse material por anos. Isso começou a ser divulgado na Europa nos anos 1970, mas, na Rússia, Kharms para adultos, que hoje já é considerado um clássico, começou a ser conhecido, de fato, no final dos anos 1980, início dos anos 1990. 

Então cada escritor teve uma trajetória, uma sorte. Sei lá quantos foram perdidos também. O Kharms também é um caso muito trágico, porque ele fez parte de um grupo de vanguarda, “OBERIU”, que nasceu em 1928. As coisas já estavam começando a mudar na União Soviética e muitos integrantes desse grupo foram mortos. Ele já vem no segundo momento da vanguarda.

O Vida e destino a gente sabe também que foi muito difícil, a obra nos chegou por meio de microfilmes. Enfim, surgiu, pode-se dizer, quase que uma nova literatura após o fim da URSS. Foram redescobertos também alguns autores que na época foram publicados e deixaram de ser, como comentei. O Dobýtchin foi publicado em vida e deixou de ser por décadas (ele se matou em 1936), mas voltou a ser lido hoje; a novela A cidade N, principalmente, é considerada uma obra do cânone. Assim como ele, houve muitos.
Búfalo Celeste – E esse trabalho de pesquisa está em processo ainda?
Daniela – Sim, por exemplo, no caso do Kharms, que eu acompanho mais, fatos novos estão aparecendo agora. Descobriram faz pouco tempo onde ele está enterrado (ele morreu num hospital psiquiátrico em 1942). Os pesquisadores estão mexendo nos acervos, nos arquivos. Faz pouco descobriram uma imagem dele num filme. Então, as pesquisas continuam. Existem arquivos que ainda não foram tocados, porque os arquivos que restaram estão nas bibliotecas, mas é necessário que alguém vá lá e trabalhe com eles. Então, eu acho que está em andamento. Não sei se virá muita novidade de Kharms no sentido de aparecerem novas obras, mas para compreensão daquele momento talvez sim.
Búfalo Celeste - É uma situação muito peculiar.
Daniela – É uma situação peculiar, de grandes autores renascendo, de linguagem muito radical, muito interessante, muito arrojada. Por exemplo, o Dovlátov já é de uma outra geração, porque ele nasceu em 1941, mas ele também passa a ser conhecido mesmo na Rússia só após 1990 e virou ícone. São fenômenos literários que têm a ver com um fundo histórico. Enfim, a literatura russa tem esse passado que é redescoberto nas últimas décadas, que começa a fazer parte do presente e a dialogar com ele, com a literatura contemporânea. E não esqueça que a literatura russa não parou, são vários novos autores...


"Os escritores russos tinham um papel social muito importante, eram heróis nacionais, o que falavam tinha um peso na sociedade."



Búfalo Celeste – A leitura foi uma prática muito forte na Rússia; há relatos de que, apesar do drama que a União Soviética viveu na II Guerra Mundial, havia uma produção grande de livros que era levada para o front de guerra, que se lia ali nas trincheiras. Gostaria de saber se você tem informações sobre essa relação do russo hoje com a leitura.
Daniela – Ainda é forte. Claro que lá também existe internet, televisão, tudo o que existe aqui. Mas ainda é um país que lê muito. Um escritor ainda vai encher um teatro para falar de sua obra. Eu já comprei na Rússia, por exemplo, um ingresso para ver um escritor falar de Tolstói, e o teatro, que não era pequeno, estava cheio. Pode-se assistir a uma atriz lendo poemas numa filarmônica. A literatura está mais viva, não sei se de maneira uniforme na Rússia inteira, mas ela ainda tem um papel importante na sociedade. Os escritores russos tinham um papel social muito importante, eram heróis nacionais, o que falavam tinha um peso na sociedade. Não se pode dizer que é igual hoje, mas eles continuam a ter um papel relevante.
Búfalo Celeste - Por isso a repressão na época soviética
Daniela – E a literatura era a arte mais reprimida. Isso mostra o papel que a literatura tinha para esse país. Alguma coisa mudou, mas ainda vemos programas com escritores na TV, um poeta ainda é respeitado. Vamos ver o que vai acontecer ao longo dos anos. Claro que muita coisa está em jogo. As faculdades de letras já estão dando menos literatura para seus alunos... Mas eu acho que vai ser difícil essa tradição ser perdida.
Búfalo Celeste – Mudando a perspectiva, gostaria de saber a receptividade do russo em relação à nossa literatura. Imagino que o Jorge Amado deve ter sido conhecido na Rússia, pela relação dele com o PCB. Existe algum outro autor que o russo culto conhece?
Daniela – Hoje é muito diferente. Na União Soviética muitos autores brasileiros foram traduzidos. Houve muitas traduções do português para o russo e agora não tenho visto mais. Então, depende de que época é esse russo. Agora acho que é um momento ruim para os autores brasileiros lá. Mas sei que houve Monteiro Lobato, Jorge Amado, Clarice Lispector, eu acho que até o Guimarães Rosa. Machado de Assis também. Então houve um interesse. Acho que realmente deveria se fazer um esforço maior para que a nossa literatura voltasse a ser traduzida. Mas isso tem a ver um pouco com a gente. Não é que os russos não se interessem.
É desproporcional, realmente. Agora, parece que há um interesse muito maior pelos russos aqui do que vice-versa. Mas, de novo, penso que é um trabalho nosso, porque eu não acho que um russo se recuse a ler um autor brasileiro.
Búfalo Celeste – Você pode falar dos projetos da Kalinka?
Daniela – Já lançamos dois livros do Serguei Dovlátov e agora estamos lançando o terceiro, O compromisso, e o próximo livro vai ser uma tradução de meu pai, que é justamente A cidade N, a novela do Leonid Dobýtchin, a mais conhecida dele. Mas a gente vai trazer mais gente, escritores vivos ainda, estão já quase certos, ainda não falo porque faltam alguns detalhes. Mas esses são os próximos dois livros. Vamos continuar também a coleção Mir, bilíngue. O que a gente prometeu a gente vai fazer.


                                 El Lissitzky, Páginas de “Dria golosa”, poemas de Maiakóvski


Búfalo Celeste – Por fim, gostaria que fizesse um comentário rápido desse importante lançamento do livro da Professora Aurora Fornoni Bernardini, Aulas de literatura russa: de Púchkin a Gorenstein. Como surgiu a ideia de publicar essa pesquisadora fundamental?
Daniela – A Professora Aurora tem tudo a ver com o início da Kalinka, na verdade foi uma conjunção bonita de fatores. Quando eu comecei a estudar russo, trabalhar com meu pai no que seria a primeira publicação da Editora, ele falou: “olha, lá perto de casa, na rua Maria Antônia, tem uma professora dando aula de literatura russa, por que você não vai lá?”. Isso foi em 2005. Eu fui, me apresentei para a Professora e, desde então, ela faz colaborações frequentes com a gente, seja prefaciando, seja traduzindo, seja aconselhando, e eu também estou fazendo pós-doutorado com ela. Então, ela tem uma relação forte comigo, um papel importante na minha vida, na Kalinka. Ela e meu pai são dois guias para mim, digamos, que me fazem continuar, porque às vezes o dia a dia pode ser pesado. 

O livro Aulas de literatura, uma reunião de seus artigos, foi justamente uma homenagem a uma trajetória brilhante de uma pesquisadora e de uma tradutora que não tinha ainda o reconhecimento que merecia, na minha opinião. Então eu a convidei já com o intuito de fazer essa homenagem. Demorou um pouco para concretizar, mas deu certo, e o Valteir Vaz, que também estudou com a Professora Aurora no mestrado e no doutorado, organizou o livro comigo; nós reunimos textos sobre literatura russa que ela escreveu ao longo da vida, textos desde a década de 1980 até atuais e de autores diversos. O que aconteceu é que, como há uma abrangência de temas e períodos na produção dela, formou-se quase que um panorama, coisa que não havia no Brasil. Por isso, optamos por colocar no título “aulas”. 

Organizamos o livro de um jeito que o leitor passe pelos temas de forma cronológica. Começa com Púchkin, com o século XIX, incluindo um capítulo especial para Tolstói, outro para Dostoiévski. São textos de fácil leitura, ela escreve muito bem para quem já conhece literatura russa e para quem quer começar a conhecer. A gente fez notas mais didáticas, tivemos essa preocupação, justamente porque não havia um livro nesse formato. Não é que a gente está prometendo dar toda a literatura russa nesse livro, muitos autores não entraram (nós tínhamos como material apenas o que ela escreveu), mas é um apanhado bom. E é uma amostra do que era pedido a ela pela imprensa, da sua atuação no jornalismo cultural e de seu amplo interesse, tal como no caso do Professor Boris Schnaiderman. Foi um livro trabalhoso de editar (antologias de artigos escritos em épocas diversas são difíceis, pois envolve seleção, padronização, etc.), mas muito recompensador.
Búfalo Celeste – É outra personalidade importante da divulgação da literatura russa.
Daniela – Foi importante e continua atuante; ela trabalhou com o professor Boris, ela foi a primeira Professora convidada por ele para dar aula no curso de russo da USP [Boris Schnaiderman foi o primeiro professor do curso de língua e de literatura russa da USP, criado em 1963]. Ela traduz há muitos anos e formou centenas de alunos. Então, ela, assim como o Professor Boris, tem um papel acadêmico, um papel de professora, um papel de ensaísta, de divulgadora. É uma excelente tradutora, traduz poesia muito bem, ganhou inúmeros prêmios, mas eu achei que faltava essa homenagem a ela, porque, quando se fala de literatura russa, da consolidação do fenômeno da tradução direta, a gente ouve falar do professor Boris, do Paulo Bezerra, e de poucos outros. Ela normalmente não está incluída no pacote. Eu acho que é merecido que esteja. Não estou tirando o mérito de ninguém, só acho que ela tinha que estar aí também. Não é um nome que pode ser marginalizado, deixado em segundo plano. Além do mais, eu gosto muito da linguagem dela, uma linguagem muito saborosa e poética, não são textos duros, mesmo os textos mais acadêmicos. Fiquei feliz de ter feito o livro.
Búfalo Celeste – Muito obrigado pela entrevista e parabéns pelo seu trabalho e de seu pai à frente da Kalinka.

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Imagens:

El Lissitzky, “Páginas de “Dria golosa”, poemas de Maiakóvski, 1923.

Fonte:

https://www.getty.edu/research/tools/guides_bibliographies/lissitzky/index2.html
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Alexander Tcherepnin, “Suíte para violoncelo solo”

Violoncelo: Branno Cho

Sala de Concerto Pick-Staiger, Northwestern University, Evanston, Illinois, EUA, 25/5/2015