Cinco de maio, dia da língua portuguesa
As
plantas rindo estão, estão vestidas
de
verde variado de mil cores;
cantam
tarde e manhã os seus amores
as
aves, que de amor andam vencidas;
as
neves, já nos montes derretidas,
regam
nos baixos vales novas flores;
alegram
as cantigas dos pastores
as
ninfas pelos bosques escondidas.
O
tempo, que nas cousas pode tanto,
a
graça que por ele a terra perdemos
lhe
torna com mais graça e fermosura.
Só
para mim nem flor nem erva verde
nem
água clara tem, nem doce canto,
que
tudo falta a quem falta ventura.
Diogo
Bernardes (Ponte da Barca, Portugal, ca. 1520 – ca. 1605)
***
Querelas
do Brasil
Aldir
Blanc e Maurício Tapajós
O
Brazil não conhece o Brasil
O
Brasil nunca foi ao Brazil
Tapir,
jabuti
Liana,
alamanda, ali, alaúde
Piau,
ururau, aki, ataúde
Piá-carioca,
porecramecrã
Jobim
akarore, Jobim-açu
Uô,
uô, uô
Pererê,
camará, tororó, olerê
Piriri,
ratatá, karatê, olará
Pererê,
camará, tororó, olerê
Piriri,
ratatá, karatê, olará
O
Brazil não merece o Brasil
O
Brazil tá matando o Brasil
Jereba,
saci
Caandrades,
cunhãs, ariranha, aranha
Sertões,
Guimarães, bachianas, águas
Imarionaíma,
ariraribóia
Na
aura das mãos de Jobim-açu
Uô,
uô, uô
Jererê,
sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá,
bafafá, sururu, olará
Jererê,
sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá,
bafafá, sururu, olará
Do
Brasil, SOS ao Brasil
Do
Brasil, SOS ao Brasil
Do
Brasil, SOS ao Brasil
Tinhorão,
urutu, sucuri
Ujobim,
sabiá, bem-te-vi
Cabuçu,
Cordovil, Cachambi, olerê
Madureira,
Olaria e Bangu, olará
Cascadura,
Água Santa, Acari, olerê
Ipanema
e Nova Iguaçu, olará
Do
Brasil, SOS ao Brasil
Do
Brasil, SOS ao Brasil
"Querelas do Brasil", de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. Elis Regina no especial "Elis Regina Carvalho Costa", da TV Globo, em outubro de 1980.