segunda-feira, 24 de outubro de 2016



A MAGNIFICÊNCIA DA TARDE


Voa ao poente a túnica da brisa
se desmanchando em chuva de lilases.
A tarde, ante essa mágica, se irisa
e exibe cores francamente audazes.

A natureza, certo, romantiza…
Há nos jardins fascinações de oásis
e os encantos do olhar de Mona Lisa
estão nas rosas e nos grous lilases.

De súbito, o crepúsculo termina.
O céu agora todo se reveste
de uma capa de príncipe da China.

E na ponta de um cônico cipreste,
a lua nova paira, curva e fina,
como o chifre de um búfalo celeste.

Sosígenes Costa (Belmonte, 1901 – Rio de Janeiro – 1968)

In: Obra poética. 2a. ed. revista e ampliada por José Paulo Paes, São Paulo, Cultrix; Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1978.


Nenhum comentário:

Postar um comentário